Conta Câmara Cascudo* que, depois de uma caça memorável no Rio Grande do Norte, um grupo de homens se reuniu para assar e jantar um tatu. Pobrezinho, estava sendo assado no próprio casco. Tiraram-lhe o intestino, e espetaram-lhe uma vareta para posicioná-lo sobre o fogo. E, como de costume macho, começaram aquela conversa mole em que repassavam, um a um, os feitos do dia. E eis que, numa surpreendente velocidade, veio a Caipora montada em seu porco do mato e gritou para o tatu: vambora, Juão. E o tatu Juão, meio assado e sem víscera saltou e, junto com ela, fugiu como um relâmpago.
Pra quem não sabe, Caipora ressucita animais mortos. Legal, né?
* Geografia dos mitos brasileiros, Editora Global, 2002.